sexta-feira, 13 de março de 2009

Colóquio "Missão de Paz em cenários de guerra"

«Missão de paz em cenários de guerra» é o tema do colóquio organizado pelo grupo “Ecumenismo e Diálogos Inter-Religioso e Inter-Cultural” da Paróquia de Paço de Arcos , com a colaboração da secção portuguesa da Pax Christi, a realizar no próximo dia 13 de Março, às 21.30, no Salão Paroquial da Igreja de Paço de Arcos. Entrada livre.

Construir a paz com armas na mão e/ou participar numa intervenção armada para manter a paz pode parecer uma contradição: o uso das armas significa habitualmente violência e destruição mesmo quando é em defesa própria (de pessoas ou nações) pois trata-se de uma resposta (violenta) a quem já usou de violência. Para os cristãos esta é uma questão que implica uma séria reflexão: o que é o espírito de homens de paz? Como se pode transmitir esse espírito no contexto de uma guerra e de armas na mão?
Muitos membros das nossas Forças Armadas têm participado em Missões de Paz em países longínquos e com realidades sociais e culturais muito diferentes da nossa. Como têm vivido esta experiência? Quais as principais aprendizagens que têm feito? Têm realmente sentido que vivem a missão com o espírito de Homens de Paz?
Iniciativa promovida pelo grupo da Paróquia de Paço de Arcos “Ecumenismo e Diálogos Inter-Religioso e Inter-Cultural”, com a colaboração da secção portuguesa da Pax Christi, conta com a intervenção do capelão militar Padre Constâncio José Costa Gusmão (missões em Timor-Leste, Bósnia, Kosovo -Zueses- e Afeganistão) e do Major Garcia Lopes (missão em Timor-Leste); a moderação estará a cargo do D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança e Presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi.

Não deixe de aparecer e participar! E lembre-se de convidar os seus amigos também.

Violência na intimidade: Violência escondida?

“…A violência doméstica é um problema legal, económico, educacional, de desenvolvimento, de saúde e, acima de tudo, é uma questão de direitos humanos”.[1] As Nações Unidas (Declaração sobre Direitos Humanos) assinalam este fenómeno como global, com características semelhantes em países cultural e geograficamente distintos.

Apesar de atingir igualmente as crianças, os idosos, pessoas dependentes ou cidadãos portadores de deficiência, a realidade indica que as mulheres continuam a ser um dos grupos mais vulneráveis a este tipo de violência que ocorre na intimidade das relações e do espaço doméstico. “A violência contra as mulheres no espaço doméstico é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 anos, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e até a guerra”[2].

Este fenómeno está radicado num sistema de crenças e valores patriarcais, que têm perpetuado as desigualdades de género. Neste modelo de dominação do homem sobre a mulher, a violência surge como um exercício de poder e controlo assumindo a forma física, psicológica ou sexual.

Num quadro de violência estamos perante pessoas fragilizadas, cuja trajectória pessoal e inserção social estão comprometidas. Para muitas destas vítimas, o impacto psicológico é sentido como o aspecto mais penoso e debilitante. Tende a afectar a sua auto-estima e a aumentar a probabilidade de problemas de saúde mental, como sejam, a depressão, ansiedade, fobias e stress pós-traumático.

Durante muito tempo tolerada e silenciada, a violência contra as mulheres tem hoje uma visibilidade crescente, a qual não se pode dissociar da redefinição do seu papel social feminino. A conquista de uma autonomia económica e emocional é um processo fundamental para que as mulheres possam reagir precocemente aos processos de violência.
A participação cívica dos homens, ao lado das mulheres, na construção de uma cidadania activa e de uma sociedade mais igualitária é fundamental no processo de mudança. Desde logo, na partilha das responsabilidades parentais e na construção de uma dinâmica familiar não violenta que sirva como modelo positivo para futuros relacionamentos das crianças. Por outro lado, promover um relacionamento familiar não conflituante é contribuir para o desenvolvimento de um espaço de autonomia e individuação das crianças e jovens.

Torna-se assim necessário um maior empenho para que a mudança de valores, atitudes e práticas sociais possa acontecer, ou para que o fosso entre o reconhecimento dos direitos e a sua plena assunção seja cada vez menor.

[1] Mehr Khan, Unicef Innocenti Research Centre in Domestic Violence Against Women and Girls, Innocenti Digest, 6, 2000.
[2] Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Recomendação 1582, 2002

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